terça-feira, 30 de agosto de 2011

28º Dia –30/08/2011, TERÇA FEIRA – de Tapachula - MÉXICO a San Sebastián, Retalhuleu - GUATEMALA.

 KM DO DIA:  173                 KM TOTAL: 8.058
Estamos de volta.
            E aqui vamos contando para vocês as peripécias que se tem que fazer quando se propõe a cruzar, viajando de moto, as três Américas.
             Hoje foi um dia em que exercemos algumas das características de personalidade necessárias para se levar a termo uma empreitada como essa.  Em primeiro lugar, a paciência, depois jogo de cintura, em seguida a esperteza, a dissimulação, tolerância e por último juízo.
            Quer ver ?  Me acompanhe....
             Saímos do hotel muito tarde, o blog do dia anterior tinha ficado para a parte da manhã, por total falta de condições físicas.
                           FOTOS DA CIDADE DE TAPACHULA NA PROXIMIDADE DO HOTEL

FOTOS INTERNAS DO HOTEL



            Seguimos direto para a fronteira com a Guatemala que ficava a 12 quilômetros aproximadamente.  Fomos para a aduana e em 10 minutos estávamos com os passaportes carimbados(registro de saída), aí perguntei onde que entregava a documentação para cancelar, ou receber de volta, o depósito que fizemos a título de seguro contra terceiros, vinculado às motos.

SAINDO DO MÉXICO

           Veio a resposta,  e aí usamos a primeira característica listada acima, a PACIÊNCIA:  “volte até a cidade(12 km), depois volte mais 10 quiilômetros antes de chegar na cidade e lá você encontrará um posto onde  deverá entregar este papel e receber de volta o seu depósito.”
           Entenderam? Você vai até a fronteira, depois volta cerca de 25 km para devolver os papéis do veículo,  depois anda de novo os 25 de volta à fronteira. Você também pode resolver o problema, trazendo consigo a sua bola de cristal, aí já devolve os papéis do veículo antes de ir para a fronteira.
        Passamos para o lado da Guatemala. Era a visão do inferno, fomos cercados por umas  15 pessoas, todos falando ao mesmo tempo.  Tinha gente querendo fazer câmbio e ia logo avisando que o “ cajero” mais próximo ficava a 30 km dali e que para toda a tramitação só se aceita a moeda local, o que depois comprovamos ser verdade.
        Tinha gente querendo ser o nosso tramitador, uma espécie de despachante com pinta de pilantra, mas que sem eles você não consegue nada ou passa o dia inteiro esperando os documentos ficarem prontos. 
        Tinha nativo querendo dar uma de esperto e se sobrepor sobre os outros falando em inglês. Em portunhol,  já estava  difícil a comunicação, imaginem  “englshinhol”....
         Veio a segunda característica, O JOGO DE CINTURA , a gente tinha que se impor, escolher um cambista, um tramitador, dispensar os demais e não chutar o balde, porque podia ser pior.
                                                      CERCADO DE TRAMITADORES

                                                  TRAMITADORES TRABALHANDO


         Fiz o câmbio, tirei  cópias dos documentos, enfrentei fila no banco para pagar as taxas, andei para lá, para cá, e o Sérgio sentado vigiando as motos, quem é louco de deixá-las sozinhas??!! 

           Os tramitadores eram três, entravam nas repartições de forma que pareciam trabalhar  lá dentro, e em pouco mais de uma hora tínhamos todos os documentos na mão.   Custou 20 dólares o cachê dos tramitadores, 45 dólares a taxa paga pelas motos e 55  dólares para as duas pessoas. Esta última taxa não foi paga em banco, o que nos leva a crer que é a parte rateada com a burocracia. Aí entra mais uma característica a DISSIMULAÇÃO.... você sabe que está sendo roubado, mas finge que não vê.
                                                           UM TÁXI DE 3 RODAS
                    A moeda local é Quetzal, que na mão dos cambistas valem 7,20 para cada dólar, no hotel, o câmbio já foi feito na base de 8 quetzales para 1 dólar. HAJA ÁGIO.........
          A ESPERTEZA  você usa quanto está fazendo o câmbio, que precisei fazer duas vezes, e nas duas vezes, com cambistas diferentes, ambos se enganaram e me deram dinheiro  a menos. Tentar enganar um ex gerente de banco, na contagem de dinheiro é querer bancar o sabido demais.
          Tudo acabado, olhamos para o relógio e já eram quase três horas da tarde. Havíamos programado dormir numa cidade a cerca de 220 km dali, tava mole. Vamos embora, combinamos.

SÉRGIO ANALISANDO UMA NOVA OPÇÃO.

             Mas nem tudo é tão matemático assim. De repente o céu escureceu e começaram pingos fortes de chuva.  Que “m”, agora que as roupas e sapatos já estavam secando depois da chuva de ontem.....


            Paramos, pusemos as capas de chuva e o aguaceiro desabou. A estrada parecia cozinha de restaurante de “um real”, panelaços imensos, que quando agente caía neles parecia que a moto ia sumir.
            E o medo de cortar um pneu num buraco desses!!!!!?????
            Rodamos assim por quase 120 km, até que o trânsito parou e fomos pelo corredor até chegar em um ponto onde um valão  transbordou e a água passava por cima do asfalto.  Arriscamos e passamos por dentro da água, minha moto quase morreu e o coração veio na boca.  
          Mais uns 10 km surgiu um grande hotel, encerramos o dia por volta das 5 hs da tarde,  em nome da última característica acima citada:   O JUÍZO.
          Amanhã vamos tentar enganar a dona chuva, que nesses países da América Central,  costuma se fazer presente na parte da tarde. Vamos acordar cedo e às 7 da matina queremos estar na estrada.
          Então deixa eu ir dormir.....   

27º Dia –29/08/2011, SEGUNDA FEIRA – de Oaxaca a Tapachula - MÉXICO.

KM DO DIA:  688                  KM TOTAL: 7.885


E ai pessoal,
           Como costuma dizer o nosso “GERENTE DE BAR”  do Moto Club, o Celso, ontem foi dia para  -sujeito homem-.
          Tivemos que reaprender a fazer curvas, frear em quebra molas, tomar cuidado com animais na pista e a andar na chuva.... muita chuva.
           Acordamos cedo para poder fazer os quase 700 km que tínhamos pela frente, porém a birra da moto branca com o Sérgio, já virou caso pessoal e ele acordou dizendo que queria fazer novos testes com ela, para descobrir o que ela tem, e às 7.30h da matina ele já estava desmontando o carburador no Hall do hotel.
         Esqueci de contar. Já tem três dias que ele vem pilotando-a para melhor avaliar o problema. Podem ficar tranqüilos, se o caso pessoal virar briga,  eu aparto.
        O hotel não tinha café da manhã e depois de um cafezinho com biscoitos, pegamos a estrada já debaixo de chuva. 
        Rodados os primeiros 40 km, Sérgio concluiu que a tentativa de colocar uma agulha mais grossa e voltar o filtro de ar não funcionou, a moto não tinha desempenho. Nova parada para mexer. Desta vez, voltou a agulha, tirou novamente o filtro, mas desativou uma bomba auxiliar que manda combustível para o carburador.  Mudamos novamente a roupa de chuva e pegamos a estrada.  A chuva havia acalmado.
                                                            O SEGUNDO ROUND DO DIA


COM AS ROUPAS DE CHUVA


        Onde estávamos parados,  era um entroncamento de uma entrada de um povoado, e o transporte de pessoas era feito pelos tradicionais “TUC TUC”,  muito comuns na Índia e outros países da Ásia e agora apareceram aqui no sul do México. Vejam um ponto de táxi.



         Na estrada, tudo mudou, acabaram-se as pistas duplas, o asfalto ficou de péssima qualidade e começou uma serra que não tinha fim. Rodamos nela por mais de 150 km, e por sorte, o tempo firmou e tinha pouco trânsito. Quando finalmente chegamos a uma reta numa baixada, estávamos esgotados e transpirando tudo que podia,  dentro das capas de chuva.
         Vejam algumas fotos da serra e suas peculiaridades.






                                             AS VAQUINHAS PASTANDO ASFALTO


           Abastecemos e veio o resultado de mais um “round” entre a moto e Sérgio, o consumo da moto melhorou de 15/16 km p/l.  para guase 22.  Segundo Sérgio,  ele enganou o sistema da moto quando retirou o filtro e desativou a bomba suplementar.
            Lá fomos nós depois de um rápido lanche e agora sem as capas de chuva. 
           Era uma região de baixada, entre uma serra que acompanhava a estrada à direita e o Oceano Pacífico à esquerda, que em hora alguma ficou ao alcance de nossas vistas. Tínhamos que andar muito, pois vimos no mapa, que não havia cidades para o pouso à noite com segurança.
          Passamos por uma usina aeólica, vejam a foto, e o tempo já estava ficando escuro. Chamou também minha atenção o fato que todas as torres de cataventos  estavam travadas. Entendi como um mau sinal.

         É assim para quem se propõe a fazer uma viagem atravessando as três Américas, surpresas o tempo todo.   Não demorou e num pedágio, fomos avisados pelo cobrador que a informação oficial era de muita chuva pela frente.
        Paramos embaixo de um viaduto para por novamente as roupas de chuva. O céu estava negro de dar medo,  e a informação de nenhuma cidade pela frente agravava a situação, lá fomos nós.
        Rapaz.....   rodamos uns 400 km debaixo d’água.  Tinha hora que não se via nada pela frente e até os caminhões paravam.  Desista,  era o que o bom senso mandava, mas pousar onde ?  Além do mais, quando passávamos por um povoado onde poderíamos nos socorrer, o céu estava um pouco mais claro e ficava  só numa garoa,  aumentando nossas esperanças.
         Como sabíamos que estávamos com Ele na garupa, fomos levando,  e por volta das 8 h, já escuro, e ainda com chuva,  chegamos ao nosso destino. 
         As roupas de chuva não deram conta do recado, estávamos encharcados e as motos, totalmente inadequadas (CUSTONS) para essas situações, foram perfeitas, até quebra molas escondidos pela chuva elas saltaram.
          Conclusões:  Um bom hotel, uma cerveja logo no check in, um jantarzinho leve, redação do blog para a manhã seguinte, uma boa oração de agradecimento e cama.
         No dia seguinte começa a maratona de cruzar as fronteiras dos pequenos países da América Central. Temos relatos de muita burocracia, pouca quilometragem rodada, em razão do tempo que se perde, corrupção e falta de segurança na estrada.  Devem ser quatro ou cinco dias nesse trecho e novas emoções se avizinham. 
        Vamos lá.
Em tempo:     Hoje estamos deixando o território Mexicano.   Entramos aqui morrendo de medo com nossa segurança, em vista das notícias que nos chegam sobre a atuação dos narcotraficantes e das diversas máfias que atuam por aqui.
        Um dia depois de termos deixado a cidade de Monterrey, ocorreu a tragédia no Cassino Royale, que abalou o mundo inteiro.  Foram vários telefonemas e emails de pessoas preocupadas com a nossa integridade. Algumas vezes, falamos no blog da brincadeira de perder 10 dólares em cada cassino que passávamos.
         Este é um pais maravilho, é lindo. O povo gentil, educado, abre logo um sorriso quando você se dirige a ele, e dez sorrisos quando você se identifica como “brasilenhos”, e nem o país nem o povo merece o que vem ocorrendo, com conseqüências desastrosas para as finanças, emprego, e  a paz.
          Temos também nossas mazelas no Brasil. A diferença é que vez por outra a população civil é pega no fogo cruzado entre as autoridades e os criminosos.   O que acontece aqui é diferente;   A população é o alvo das ações que tem por objetivo atingir a outros. Isso é de uma PERVERSIDADE indescritível, cincoenta e três inocentes foram queimados vivos em nome da CRIMINALIDADE.
        Esperamos um dia voltar aqui para usufruir de toda a simpatia deste povo e das belezas naturais dessa nação irmã, e ela estará livre dos animais armados da criminalidade e também das pequenas autoridades corruptas, que fingem que não vêem o que está ocorrendo ou tiram vantagem disso.  
VIVA O MÉXICO.

domingo, 28 de agosto de 2011

26º Dia –28/08/2011, DOMINGO – de Ciudad Mexico a Oaxaca - MÉXICO.


KM DO DIA:  470                  KM TOTAL: 7.197
Oi pessoal,
               Acabou a boa vida de fazer turismo, ou de ficar dando manutenção nas motos.  Voltamos para a estrada, e foi em grande estilo, apesar de rodarmos pouco, foi um dia de comunhão entre Moto, Piloto e Estrada.
              Acordamos cedo, mas demoramos a sair.  Estava acontecendo uma maratona urbana na rua do hotel, o estacionamento era num prédio numa rua ao lado, e o hotel era vertical (edifício), tudo colaborou para o atraso na saída.
             Para piorar, foram 22 km rodados só para sair da cidade.  Fazia frio, mas estávamos preparados.  O tempo estava muito nublado e numa serra logo na saída da cidade tinha neblina.
             Havia uma certa ansiedade em saber como as motos iriam se comportar depois da substituição das agulhas dos carburadores.
            Também estão curiosos? Então pasmem, a minha moto, a branca, que estava com a peça original no carburador (tirada da moto de Sérgio), não andava sob hipótese alguma, fui cedendo passagem na estrada para fuscas, o que no México tem com fartura.
             Fizemos a primeira parada para abastecer e a surpresa foi maior ainda, a moto de Sérgio, que funcionava com a agulha que conseguimos na oficina, rodou 29,5 km com um litro de combustível, ao invés dos 20 km gastos anteriormente, e a minha manteve os mesmos 15 km por litro, só que utilizando a agulha original que tiramos da moto do Sérgio,  e ainda tremia de medo quando via um “subidinha ou um fusquinha”.
            Conclusão, estávamos na pista errada para achar o defeito.  Agora, estudávamos a possibilidade de ser um defeito elétrico, podia ser um entupimento na entrada de ar, etc. etc. etc.....    Sérgio, o mecânico da equipe, decidiu rodar com a moto sem o filtro de ar, e para nossa surpresa a moto voltou a andar muito bem, embora continuasse a beber mais que o dono da idéia, nos churrascos de domingo em família.
             A partir daí o universo conspirou a nosso favor.   O dia ficou lindo, as motos andando feito notícia ruim, e a estrada ficou perfeita. Era uma sucessão de serras e platôs, com paisagens que mesmo motociclistas estradeiros como nós dois,  não víamos há muito tempo.
            Não acreditam ??   Então vejam as fotos.






VEJAM O PASTOREIO NAS MARGENS DA ESTRADA

                                                         FOTOS SENDO TROCADAS






             Eram cinco da tarde, quando um nuvem negra nos fez parar para colocar as roupas de chuva. Também percebemos pelo mapa que viria um grande trecho de estrada sem uma cidade grande, onde pudéssemos nos hospedar com segurança, então, decidimos parar nos 470 km até então rodados, e amanha acordar mais cedo para cumprir o trecho que falta até a fronteira com a Guatemala.
            Já que paramos cedo e a cidade é histórica, OAXACA é o seu nome,  e o seu centro  é tombado pelo patrimônio público, decidimos nos hospedar na área histórica e aproveitamos para ir a um bom restaurante.
                                                                            O HOTEL




                                                           O RESTAURANTE E O JANTAR

                                         O BALCÃO DO BAR, É DE PERDER O FÔLEGO
                                          VEJAM QUE MÁQUINA DE CAFÉ EXPRESSO

             Amanhã, temos um bom trecho de estrada pela frente, portanto boa noite.
           Ah, no jantar  tomamos uma tequila como manda o figurino, com sal na borda do copo e bastante limão.     O sono vai ser ótimo.

sábado, 27 de agosto de 2011

25º Dia –27/08/2011, SÁBADO – Ciudad México- MÉXICO.


KM DO DIA:  O                 KM TOTAL: 6.727
Estamos de volta.
           Acordamos meio de ressaca, com dor de cabeça, cansados e como se tivéssemos dormido pouquíssimas horas, fruto do cansaço e dos desgastes do dia anterior.
           Para completar, chovia e fazia frio.  
          Mas não tinha jeito, tivemos que pular da cama, pois havia uma cidade linda para se conhecer e algumas peças de moto para comprar. Sabíamos que o comércio local, no sábado, fecha ao meio dia,  portanto, vamos lá.
            Café tomado, fomos para a internet e pegamos três endereços de concessionárias Honda na cidade. Há um taxista que faz ponto na porta do hotel e que, muito simpático e prestativo nos disse: “a primeira foi fechada porque está passando um viaduto naquele endereço, a segunda e a terceira ficam a mais de 50 minutos daqui”.
            Combinamos o valor da corrida, pasmem - R$ 52,00, para nos levar, esperar e trazer de volta, com promessa de ir mostrando e explicando as coisas da cidade, alem do mais, preferíamos dar dinheiro a um taxista simpático do que a um policial corrupto, porque tava na cara que iríamos aprontar pelo caminho.
            Lá fomos nós fazendo fotos,









            De pronto, não achamos a Honda, mas paramos numa YAMAHA, onde pegamos explicações e aproveitamos para comprar uma capa de chuva para mim, uma bateria nova para a moto branca, sempre ela; já tivemos que empurra-lá para pegar no tranco uma vez,  e um novo Spray reparador de furos em pneus. Deixamos a coitadinha no hotel “mortinha da Silva”.
           Seguimos para a Honda e caímos na realidade: a agulha reguladora de entrada de combustível do carburador era uma peça que não se mantém em estoque e mesmo numa cidade grande como essa,  tem-se que encomendar e pode levar até dez dias para chegar.
          Acatamos a sugestão de ir a uma grande oficina, de um mecânico conhecido por aqui chamado “Garrido”, que ele poderia ter uma parecida em sua sucata.  Partimos para lá e como não tínhamos a numeração da tal agulha, compramos por R$ 15,00 uma mais aproximada possível e voltamos para o hotel.
          O motorista José Gonzales, com a maior boa vontade, “sem interesse algum”.... avisou: “se esta não couber, voltamos lá e pegamos outra”.   Tínhamos saído pela manhã do hotel às 10.00 h e já eram 13.00h.
          Decidimos retirar a agulha da moto boa, a de Sérgio,  para comparar a espessura da agulha e na remontagem inverte-las para testar o efeito da troca, para ver se o mau funcionamento inverteria também.
          Veio a decepção, a espessura era muito maior que a original.  Voltamos na oficina. Mais quase uma hora para lá e quase uma para cá. E o José Gonzales feliz da vida. 
           Na oficina o mecânico, que a essa altura já fazia parte de nosso fã clube, nos deu 4 agulhas, uma de cada espessura.  Voltamos cheio de esperança.

           Fizemos o acerto com o “Gonzales”, demos uma camisa de presente e tiramos foto.  Ah, é claro, pagamos cerca de R$ 100,00 por quase 4 horas de serviço de taxi. Uma moleza.
                     Bem as motos já estão montadas e com as agulhas invertidas, terminamos por volta das cinco da tarde,  e o veredito sobre o resultado quem vai dar é a estrada. Amanhã contamos.
            Por falar em amanhã, estamos à cerca de 1200 km da fronteira com a Guatemala e pretendemos fazer esse trecho em duas etapas.
De novo..... Até amanhã

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

24º Dia –26/08/2011, SEXTA FEIRA – de Santiago de Querétaro a Ciudad Mexico- MÉXICO.


KM DO DIA: 242 – KM TOTAL: 6.727
Oi turma,
           Todos os dias são especiais em nossa “Travessia”,  mas tem uns que realmente marcam o passeio, o hoje foi um desses dias.
           Parecia que iria ser um dia como outro qualquer, com um pouco mais de ansiedade,  por ter que entrar em uma cidade tão grande como a capital mexicana, o que sempre é complicado.
           Saímos por volta de 9:30h  e para não perder o hábito, vejam a foto do último hotel.

           Pegamos a estrada e veio a primeira surpresa, havia uma chapada pela frente. Subida forte de uma serra, quase 120 km no alto e depois uma descida também forte.
           Como consequência a moto branca foi colocada a prova e perdeu. Não tinha força para subir e nitidamente faltava combustível para a queima. La vamos nós para a oficina novamente, e isso será na primeira oportunidade. Depois veio o frio para o qual não havíamos nos preparado, ai, demos uma de macho e fomos em frente.
          Pelo caminho, numa parada, um grupo se aproximou e entre eles tinha um brasileiro. Foi uma alegria só. Nós por vermos o primeiro brasileiro desde que saímos de Miami, e ele de mostrar a seus amigos como os brasileiros são loucos. Chama-se Iris, também é motociclista,  trabalha numa Universidade em Campinas-SP e  está por aqui participando de um congresso.

         No mais,  tudo igual, estrada, cidades, abastecimentos,  etc.....


          Aí chegamos a capital federal e entramos por uma autopista chamada Periférica, muito parecida com a Marginal Tietê.  Uma pista expressa com 3 mãos  e uma pista lateral com mais duas. Lá fomos nós pela expressa até que apareceu ao nosso lado, dois policiais pilotando  duas Harley Davidson, isso mesmo Harley, e pediu-nos que os seguissem até o próximo recuo.
        Lá começou a raiva.  Disse-nos que a pista expressa era proibida  para motociclistas (enquanto falava conosco, passaram umas seis motos), disse que a multa era o equivalente a 150 dólares por moto, fora a apreensão por 3 dias no depósito público.
        Começou a conversa fiada, e  diante de nossas alegações de que não tínhamos dinheiro, eles propuseram que pagássemos pelo menos,  a multa de uma das motos.  Ficou clara a “sacan.....”.
          Papo vai, conversa vem,  eles levaram, felizes da vida, algo em torno de 28 dólares.
          Não acabou não, depois disso o cara teve o cinismo de nos autorizar a continuar na pista expressa e me deu um papel escrito por ele com algumas palavras que não entendíamos, dizendo que se mais algum policial nos parasse, era para mostrar aquela “autorização” para rodar por ali. Pela mais completa falta de confiança, decidimos ir pela pista lateral por bons quilômetros.
           Achando que o pior já havia passado, mais na frente ouvi  quando o Sérgio começou a buzinar.  Parei no canto da pista e ele encostou com o pneu traseiro furado.
           Estávamos na pista expressa novamente e desesperadamente pedimos aos peões de uma obra que havia ali, para que nos deixassem entrar com as motos na área reservada para canteiro de obras. Vejam na foto.

           Pusemos o spray colante para tentar fazer o reparo, o que não funcionou, e lá fomos nós, digo lá foi o Sérgio com o motor ligado, marcha engatada andando ao lado da moto até encontrarmos uma saída para a pista lateral.  Fechamos o trânsito e finalmente atravessamos para a calçada. 
           Entramos num estacionamento do tipo “edifício garagem” e um mexicano carinhosamente chamado pelos amigos de “cabeção”,  foi sensacional e arranjou tudo que precisávamos para  desmontar o pneu, emprestou até um macaco, que aqui se chama “GATO”.   Vejam a foto da turma do estacionamento e ganhará um prêmio, quem descobrir quem é o “cabeção”.

          Por indicação dele, o cabeção, lá fomos nós com a roda na mão procurar uma oficina mecânica de autos numa rua atrás do estacionamento.  Por lá encontramos nada mais nada menos, que o Tohuy, Presidente do Centauros Moto Club, que também era o dono da oficina.
         Viram como a sorte muda ??????
         De pronto, o Tohuy largou o seu trabalho, e em nome da irmandade do motociclismo, pegou seu carro e nos levou numa borracharia, que por sinal era de amigos seus que também eram motociclistas. Vejam na foto.

         Desmontado o pneu, ficou claro porque o spray reparador não funcionou, por ter rodado vazia, a câmara de ar soltou o bico.  La foi o Tohuy conosco procurar loja de peças para comprar uma câmara nova.
          De volta ao estacionamento, montamos a moto e fomos de novo a oficina, desta vez levando as motos, para uma seção de fotos, troca de adesivos, de  camisas, de troféus de eventos e o mais importante de tudo – TROCA DE UM ABRAÇO BEM APERTADO – no melhor estilo latino.
         Nada disso nos surpreendeu, motociclismo sempre foi e sempre será assim, uma irmandade sem raça, fronteira, credo, estatus social ou cilindradas.  
       VALEU TOHUY.


O Pai do Tohuy é fundador do Moto Club Centauros
O LEMA 


         Viu como nossa sorte virou ????   Só que antes de terminar o dia a danada virou de novo.
          Saímos da oficina temerosos, pois o tempo estava fechando e um temporal se aproximava e ainda faltavam uns 15 km para chegarmos na região hoteleira. Voltamos para a expressa “PERIFÉRICA”, que como já era o horário do rush não tinha mais nada de expressa e estava literalmente parada.  Resultado, quase duas horas para fazer os 15 km que faltavam e debaixo da maior chuva.   
          Pra terminar, não encontramos a tal região dos hotéis. Pedi arrego. Encostei do lado de um taxista e pedi: “nos leve em um bom hotel, que te pago a corrida” . La fomos nós atrás do taxi até um hotel.
           Já eram mais de 7 hs da noite e estávamos tão molhados que não podíamos parar sem deixar uma poça de água no chão. Para quem queria chegar por volta de 1 h uma da tarde......tava bom, afinal de contas chegamos.....  
 Chega pessoal, tô morto e vou dormir.  

Em tempo:   vejam o filme que entrou em cartaz aqui na Ciudad do México.
Até amanhã.